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Psicologia Perinatal. Mas, afinal, o que é isso?

A psicologia perinatal também conhecida como psicologia da gravidez, parto e puerpério, é uma área da psicologia relativamente nova e tem ganhado cada vez mais espaço no país. É uma área dedicada a cuidar de todas as questões ligadas ao nascer e a produzir conhecimento sobre perinatalidade e parentalidade. Ela surgiu no final da década de 70 com Maria Teresa Maldonado, em seguida, na década de 80, Fatima Bortoletti traz grandiosas contribuições com o desenvolvimento do departamento de psicologia obstetrícia ampliando, assim, a atuação do psicólogo em torno do nascimento e, na década de 90, Vera Iaconelli, uma psicanalista renomada, passa a ser outro grande nome nessa área.

Trabalhar com perinatalidade é, portanto, trabalhar com tentantes, adotantes, gestantes, com as famílias e com a rede de apoio. É um trabalho que engloba questões relacionadas ao parto e pós-parto, puerpério, luto, adoção, reprodução assistida, adaptações, práticas educativas parentais, planejamento familiar e com o desenvolvimento infantil. Em geral, trata-se de acolhimento, psicoeducação/informação, prevenção e, quando necessário, psicoterapia.

Existem três momentos de potencial risco de adoecimento psíquico na vida de uma mulher: A adolescência, o período gravídico puerperal (maior porcentagem de relatos) e o climatério (menopausa). O psicólogo perinatal foca nesse segundo momento, pois, como se sabe, é uma fase em que a mulher vive ambivalência afetiva, mudanças físicas e alterações de humor significativas e que podem interferir na gestação e no desenvolvimento do bebê.

Durante muitos anos escutamos sobre “instinto materno” ou sobre “dom” da maternidade, sobre como a mulher “fica” plena e feliz quando está grávida ou por ter filhos. Mas, a grande verdade é que o biológico não prepara para a parentalidade e o período perinatal é cheio de crises, transformações, lutos, adaptações e elaborações, ou seja, crises maturativas como bem o diz Vera Iaconelli. Porém, apesar de todas essas questões, a sociedade nos faz supor que é (e deve ser) um momento de glória e de grande realização.

Essa crença é, inclusive, uma das razões pelas quais cresce a porcentagem de quadros depressivos, ansiosos e de estresse na gravidez e no pós-parto, o que finda interferindo na prática da parentalidade quando não ganham atenção e cuidados adequados.

As transformações nesse período não são apenas físicas, são transformações que afetam a vida financeira, psíquica, familiar e social. Sabemos que as questões biológicas são bem assistidas pelo pré-natal médico e sabemos também que esse acompanhamento não tem foco na saúde mental da gestante. Pensando que as intensas mudanças na vida da mulher-mãe podem vir acompanhadas de adoecimento psíquico, Fátima Bortolleti estudou a psicoprofilaxia do parto (técnica da década de 70), aprimorou e passou a chamá-la de pré-natal psicológico que consiste no acompanhamento/acolhimento a gestante, casais grávidos e familiares do casal (rede de apoio) e visa oferecer orientação psicológica e preventiva às alterações emocionais significativas próprias desse período e/ou evitar a sua cronificação no pós-parto (SCHIAVO, 2020).

Maldonado (2010) afirma que a adequada preparação para a gestação é aquela que tem um bom acompanhamento médico e psicológico, pois, como consequência tem o alívio da ansiedade, superação de dúvidas e medos, aumento de segurança e autoconfiança, sobretudo, com relação ao parto e ao relacionamento/vínculo com o bebê e permite que os pais acolham o filho da melhor maneira possível.  Ela reforça ainda que a “melhor maneira possível” não quer dizer “maneira impecável e perfeita”.

A grande vantagem de realizar o pré-natal psicológico é que ele permite que essa mulher tenha acesso as diversas informações relevantes para essa etapa da vida, se sinta acolhida com seus medos, conflitos familiares e angústias. Além disso, conduz para o alinhamento de expectativas, autoconhecimento e dá suporte para que os processos de transição e transformação sejam atravessados com tranquilidade e da melhor forma possível. É um “espaço” pensado e preparado para que a mulher seja vista, ouvida e acolhida de forma humanizada.

Lilian Marques
Neuropiscóloga, Psicóloga clínica e educacional

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

BORTOLETTI, F. F., MORON, A. F., BORTOLETTI FILHO, J., NAKAMURA, R. M., SANTANA, R. M., & MATTAR, R. (2007). Psicologia na prática obstétrica: abordagem interdisciplinar. Barueri: Manole.

MALDONADO, M. T., DICKSTEIN, J. Nós estamos grávidos. São Paulo: Integrare editora, 2010.

SCHIAVO, R. A. Produção Científica em Psicologia Obstétrica/Perinatal. Brazilian Journal of Health Review, Curitiba, v. 3, n. 6, p. 16204-16212, nov./dez. 2020.

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